Com chuva, enterro de Cunha Lima reúne centenas de pessoas na PBEnterro aconteceu no Cemitério Monte Santo, em Campina GrandeCorpo do ex-governador foi velado em João Pessoa e Campina Grande.
Populares, familiares e amigos acompanharam os últimos momentos antes do enterro. No cortejo, a população acompanhou cantando o nome do ex-governador e músicas de campanhas dele em eleições passadas. Centenas de pessoas se amontoaram na entrada do Cemitério e tomaram o espaço do local para poder dar o último adeus ao poeta.
gritos de homenagem
governador da Paraíba
Depois de mais alguns toques das trombetas, o fim da tarde e o clima nublado encerraram o enterro. "O túmulo foi lacrado e abriu as portas da saudade", poetizou o irmão Renato na última despedida do poeta.
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Os prefeitos de João Pessoa,
Luciano Agra, e de Campina Grande, Veneziano Vital, decretaram luto de
três dias. Assim como a Assembleia Legislativa. O governador da Paraíba,
Ricardo Coutinho (PSB), emitiu nota lamentando a morte do ex-governador
e também decretou luto oficial de três dias.Ronaldo José da Cunha Lima nasceu na cidade de Guarabira, Brejo paraibano, em 18 de março de 1936. Formado em Ciências Jurídicas, ele era casado com Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima e tinha quatro filhos: Ronaldo Cunha Lima Filho, Cássio Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e Savigny Cunha Lima.
Carreira política
Sua história política teve como palco principal a cidade de Campina Grande. Aos 23 anos ingressou na vida pública quando foi eleito vereador. Foram quase 50 anos de carreira política até a renúncia do mandato de deputado federal em 2007, último cargo público que exerceu. Ronaldo deixou o senador Cássio Cunha Lima, seu filho, como principal sucessor na política.
A eleição de 1990 foi marcante na trajetória política de Ronaldo. Ele foi derrotado no primeiro turno por Wilson Braga, que já havia governado o estado, mas no segundo turno virou o jogo e venceu com uma diferença superior a 100 mil votos.
esclarecimentos sobre tiro contra Tarcísio Burity
Em função de um processo judicial por tentativa de homicídio contra seu adversário político Tarcísio Burity, Ronaldo renunciou, em 2007, à cadeira na Câmara Federal para escapar de julgamento no Supremo Tribunal Federal. Na época ele fez uma manobra para dispensar o foro privilegiado, na carta-renúncia ele diz que queria ”ser julgado como cidadão comum“. Leia a carta na íntegra.
O atentado contra Burity foi em 1993 e ficou conhecido como 'Caso Gulliver', nome do restaurante onde aconteceu o crime. O então governador Ronaldo Cunha Lima deu três tiros no seu antecessor, supostamente motivado por críticas que este teria feito a Cássio Cunha Lima, que era superintendente da Sudene. Burity sobreviveu e morreu dez anos depois vítimas de complicações cardíacas.
Ronaldo Cunha Lima no lançamento do seu livro
'Eu nas Entrelinhas', em 2004
O poeta'Eu nas Entrelinhas', em 2004
Conhecido como “Poeta”, Ronaldo Cunha Lima também fez carreira como escritor e teve sua trajetória no cenário cultural imortalizada quando assumiu a cadeira de número 14 na Academia Paraibana de Letras em 1994. “A paixão dele pela poesia surgiu quando ele era criança. Isto porque o avô já era um exímio soletrista”, disse o jornalista Nonato Guedes, autor do livro “A Fala do Poder - Discursos comentados de governadores da Paraíba”.
Uma de suas principais paixões de Ronaldo na Literatura era a poesia do também paraibano Augusto dos Anjos, tanto que em 1988 participou e venceu o programa Sem Limite, da Rede Manchete, que fazia perguntas sobre a vida e obra de Augusto dos Anjos. O presidente da APL lamenta o fato de Ronaldo Cunha Lima ter enveredado pelo ramo da política. “É uma pena que o fascínio da política tenha exercido grande poder sobre a vocação do poeta”, disse Gonzaga Rodrigues.
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