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PORTAL SEM FRONTEIRAS

Um peso e duas medidas, sem tirar nem por

O que vocês acham disso

Uma entidade que se intitula de “Comissão da Igualdade Racial e da Diversidade Religiosa da OAB-PB”, aliada as “demais entidades da sociedade Civil e Pessoas Naturais”, apresentou ao secretário de Segurança uma petição exigindo rigorosa apuração para o que eles chamam de “vilipêndio à estátua de Iemanja”, localizada no Cabo Branco, pelo fato de alguém ter se aproveitado do escuro da noite e arrancado a cabeça da dita cuja, deixando-a jogada aos pés da chamada “Rainha do Mar”. Segundo a petição, o fato ocorreu no dia 1º de abril último e se constituiu em “algo muito triste para os candomblecistas, umbandistas e juremeiros”, além de representar um desrespeito à religiosidade das religiões matrizes africanas, “porque nunca vimos nessa cidade, “imagens de Jesus Cristo ou sant@s profanad@s, nem mesmo destruição dos bustos de políticos e de personalidades destruídas.”(SIC)
Embora justa a iniciativa, percebemos na iniciativa uma bruta desinformação.
Ou será que os subscritores da petição nunca ouviram falar das estátuas agredidas de quase santos e gente importante de nossa cidade, a exemplo de Mané Caixa D`água, Livardo Alves, Epitácio Pessoa e, descendo pra Campina, do Padim Cicero lá na Praça do Meio do Mundo?


Padre Cicero recebeu o mesmo tratamento dispensado a Iemanja. Arrancaram a cabeça dele, fizeram outra e arrancaram de novo, de modo que o santo padre está lá, para quem quiser ver, no entroncamento da BR 230, acesso para o cariri de Monteiro, sem cabeça, sem norte e sem rumo.

Aqui em João Pessoa, a Prefeitura teve a iniciativa de homenagear os boêmios colocando uma estátua de Livardo Alves, o grande compositor da cueca, sentado num banco, vigiando o Ponto de Cem Réis. Pois os vândalos foram até lá e arrancaram os óculos da estátua, deixando o pobre Livardo sem condições de ler ou de ver as belas moças que passeiam pelo local.

Descendo dali em busca da Aristides Lobo, exatamente na calçada do Grupo Tomás Mindelo, botaram uma estátua do nosso poeta das madrugadas, Mané Caixa D`água. Dois meses depois a estátua foi mutilada. A prefeitura a reconstruiu, colocou de volta e alguém, de novo, atacou a coitada, levando a maleta 007 do poeta, que permanece até agora maneta, sem a maleta de suas andanças.

Epitácio Pessoa, o grande presidente, que ficava ali no inicio da principal avenida de nossa cidade apontando o dedo para o mar, ficou sem dedo graças ao malvado clandestino, que lhe decepou a mão com dedo e tudo.
Não houve gritaria, protesto, coisa nenhuma. Todo mundo caladinho da silva. Mas bastou arrancar a cabeça de Iemanjá para o mundo vir abaixo, petições chegarem ao Secretário de Segurança pedindo isso e aquilo.
Um peso e duas medidas, sem tirar nem por.
Do mesmo jeito que fizeram agora com Fernanda Ellen. A pobrezinha morta, enterrada no quintal do assassino e todo mundo calado, como se Fernandinha não fosse uma santa mais importante do que aquela sem cabeça do Cabo Branco.

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